UTOPIA
Meus
versos
Desnudam-me
Expõe
dor
E
orgasmos...
Olhos
que surgem
Bocas
que vão.
Água
salgada
Areia
Mãos
dadas
Amor...
E
me sinto nu...
Nada
sou!
Nada
mais
Que
sonhos...
Estou
nu
Vestido
de utopia.
Não
ria de mim...
Se
você ainda não me entende,
Desista!
Você
nunca conseguirá...
LIMÃO
Sou
azedo
Irrito
sua língua
Incomodo
seu paladar...
Sou
aborrecedor,
Mas
posso virar um suco,
Uma
limonada,
Só
depende do açúcar
Que
você adicionar...
Mas
você me prefere amargo
Porque
te incomoda
E
você pode me criticar...
Adicione
pinga
Ou
um pouco de vodka,
E
te embriago,
Te
entonteço,
Te
levo ao irracional...
Sou
limão,
Sou
azedo,
Mas
foi você quem me fez assim...
Você
pode me transformar
Mas
será que você quer?
Contudo,
Não
se esqueça
Que
também sou tempero
E
você precisa de mim
Para
dar mais sabor
À
sua vida...
O
LOUCO
Ele
ri
Gargalha
Chama
a atenção
A
praça está cheia...
Ele
ri
Afinal,
enganou todo mundo:
Falou
que era louco
E
todo mundo acreditou...
Ele
não é louco
Apenas
brinca que é.
E
todos concordam
Mesmo
sabendo que ele não é
O
que parece ser:
Um
louco...
E
ri
Gargalha
Agora
está sentado no chão da praça.
Deita.
E
ri...
Todos
olham
Mas
ninguém faz nada
Porque
ele é maluco
Um
louco varrido...
E
é por isso que ele ri
Porque
ele não é
Apenas
está fingindo
E
todos acreditam...
Só
pára de rir
Quando
percebe que está todo mundo em volta
Olhando
para ele
Como
se ele fosse um louco...
E
ele não é
Apenas
está fingindo...
Por
isso ele parou de rir
E
foi embora
Como
uma pessoa normal:
Sério
e triste...
TRAPEZISTA
Solte
suas mãos,
Confia
em mim,
Pule,
Eu
te seguro...
Pega
em minhas mãos
Segure
forte
E
deixe que eu leve
Ao
meu trapézio
Ao
meu mundo
À
minha vida...
Venha
comigo,
Não
tenha medo...
Mas
parece que você não quer,
Nunca
solta seu trapézio...
O
que você teme?
Eu?
Meu
jeito de ser?
Sim,
sou um trapezista,
Essa
é a minha vida,
Tornei-me
assim...
Vivo
de um lado para o outro
Me
seguro até quando posso,
Depois,
solto,
E
caio...
Subo
a escada novamente
E
recomeço...
Mas,
quem sabe,
Se
você me ajudar,
Eu
seguro em suas mãos
E
você segura as minhas...
Juntos,
ficaremos mais fortes...
Poderemos
até
Largar
o trapézio
E
nos tornaremos domadores,
Ou
malabaristas,
Ou
apenas palhaços...
Venha,
Confia
em mim,
Solte
suas mãos,
E
caia
Nos
meus braços...
SEGUINDO
O SOL
Entro
no carro
Passo
o cinto de segurança
O
tanque está cheio
Tudo
normal
Começo
a viagem...
Daqui
a alguns minutos
A
rotina recomeça
Meu
trabalho burocrático
De
cada dia...
Na
estrada
Vejo
o Sol brilhando lá na frente
E
começo a viajar
Pra
dentro de mim...
Resolvo
seguir o Sol
E
ser livre
Fazer
valer a minha vontade
Como
sempre desejei...
Fujo
do meu roteiro.
Meu
destino agora
É
ir onde o Sol me levar...
Não
desobedeço as regras
Respeito
os limites de velocidade
Placas,
semáforos,
Como
tem de ser...
A
velocidade constante
A
estrada, com suas nuances,
Curvas
e retas
E
o Sol
Sempre
à frente...
São
SPs, BRs, RJs,
Estradas
que se unem
E
me afastam
Da
realidade...
As
horas passam
O
Sol cada vez mais elevado
E
só paro para abastecer
Quando
necessário...
É
quase meio-dia,
Fico
confuso,
O
Sol está no alto
As
estradas não...
Para
onde devo ir?
Paro,
Espero,
Aproveito
para almoçar
A
marmita que levava pro trabalho...
O
Sol começa a descer
Agora
posso continuar
A
minha trajetória
Rumo
ao Sol...
Vou
encontrar meu pote de ouro
A
cidade perdida
A
mais nova Maravilha do Mundo...
As
horas passam
Meus
olhos fixos no Sol
Não
olham o caminho
Não
uso mapas
O
Sol me guia...
Nem
percebo que o Sol se esconde,
Diminuo
a velocidade
E
chego, finalmente,
A
lugar nenhum...
Estou
de volta
Ao
ponto de partida
Ao
portão de minha casa
Ao
início...
Coloco
as mãos na cabeça
E,
no meu desespero,
Percebo
que andei o dia todo
E
nem soube para onde ia...
Não
vi o Cristo Redentor
No
Rio de Janeiro
Porque
não estava na linha do Sol...
Não
vi a Catedral de Aparecida
Ao
lado da estrada
Com
todo seu movimento
Humano
e sobrenatural...
Não
vi os rios,
Os
montes, cascatas...
Não
vi pessoas,
Sorrisos
e lágrimas...
Agora
percebo
Que
todas as viagens
Que
fazemos
Não
importa o fim...
O
que importa é a viagem...
Abra
a porta
Desça
do carro
Ponha
os pés no chão...
Sinta
a vida
Pois
a verdadeira viagem
Ainda
é viver...
SE...
Se
minha poesia tivesse som
Você
estaria ouvindo jazz
O
sax de John Coltrane
Talvez...
Se
minha poesia tivesse cheiro
Você
sentiria meu incenso
Kama
Sutra
Homem...
Se
minha poesia tivesse movimento
Sentiria
o vai e vem das ondas
Como
um barco
No
mar calmo...
Se
minha poesia tivesse um portal
Você
sentiria meu beijo
Minhas
mãos em seus cabelos
Um
roçar de lábios em seu pescoço
Um
sussurro...
Se
minha poesia fosse um espelho
Você
se veria
Com
essa cara de boba
Apaixonada...
DEUS
ET
São
tantas estrelas
Uma
escuridão imensa
Entrei
na Via Láctea
O
Sol brilha...
Não
conheço essa área do espaço
Que
lugar bonito
Tantos
planetas
Um
mais belo que o outro...
Minha
nave é rápida
Visito
a todos
Rapidamente
E
escolho o terceiro, o azul,
Para
conhecer mais de perto...
Não
sabia que existia vida
Neste
planeta...
Estaciono
Ainda
visível
Tantos
me olham...
Mudo
de dimensão
Fico
invisível
E
me misturo com os humanos...
Gostei
da água
Das
árvores
Do
vento que as balança...
Gostei
das pessoas
Falam
entre si
Usam
a boca
Diferente
de mim
Telepata...
Por
engano
Fico
visível por instantes
E
me vêem
E
sumo novamente
Mas
já chamei atenção...
Chamam-me
de Deus
Espírito,
alma,
E
clamam por minha presença
Mas
não quero contatos
Não
estou aqui para mudar
Nem
a ordem
Muito
menos o caos...
Entro
na nave
E
volto
Para
o espaço
Para
o céu...
ANIMAIS
Lábios,
Semi-abertos.
Línguas,
Curiosas...
Como
animais,
Abraçados,
jogados.
Mordidas,
carinhos, gritos,
Encaixes
e procuras,
Idas
e vindas,
Encontros...
Segredos
e aventuras.
A
selva, o quarto,
Espumas
e travesseiros
Jogados,
juntos às roupas,
Testemunhas,
solitárias,
Emoções
que se repetem
Cada
vez mais intensamente,
Freqüentemente,
Insistentemente...
Ápice!
Gritos
e gemidos,
Olhos
que se fecham,
Sorrisos,
Prazer,
Orgasmos...
O
cheiro,
A
vontade.
O
corpo,
À
vontade...
PRISÃO
Acordo
Minhas
mãos não se mexem
Minhas
pernas estão presas
Com
correntes e cordas
Impossíveis
de se quebrar...
Tento
andar
Mas
carrego pesos nas pernas.
Sou
vigiado constantemente
Seguranças
contratados
Vigias
ininterruptos
Câmeras
escondidas.
Não
me sinto à vontade...
Às
vezes
São
paredes de vidro
Que
me prendem.
Às
vezes
As
paredes são de aço...
Não
agüento mais!
Quero
fugir...
Vou
usar minhas armas
E
matar os seguranças.
Usar
minha força
E
quebrar as paredes.
Usar
a lei
E
pedir minha liberdade...
Divórcio!
Eu
quero o divórcio...
VINGANÇA
Bebi
um pouco a mais
E
num passo desajeitado
Pisei
em seu pé...
Você
não perde tempo
E
esmurra minha cara
Que
sangra...
Sangue
e pinga
Misturam-se
em minha boca
Dando
sabor
De
vingança...
Eu
não reajo
Apenas
saio
Vou
a casa
Pego
a arma
Calibre
doze
E
volto...
Vou
ao forró
Deixo
a arma escondida
E
te vejo
Já
bêbado
Abraçando
todas
Dançando
à vontade...
Nem
sabe o que te espera...
Sei
seu caminho de volta
E
vou te esperar
Mesmo
que demore...
Já
limpei meu canto
No
meio do mato.
A
arma está carregada
E
quando você voltar
Será
apenas um tiro
No
peito...
Nunca
mais você vai bater em alguém
E
fazer a vergonha que me fez
Seu
safado...
Nunca
mais mexa com um neto de cangaceiro
Neste
sertão
No
Nordeste brasileiro...
VIDA
CONFUSA
Sou
homem
Heterossexual
assumido
Confuso
Insensível
Cansado
da lida...
Apaixono-me
todos os dias
Muitas
vezes pela mesma mulher
Algumas
vezes por outras...
Sem
motivos,
Sou
muito responsável.
Emotivo,
Sou
poeta...
Escrevo
muito
Leio
pouco
Penso
demais...
E
misturo meus pensamentos
Faço
planos
Que
nunca dão certo...
Algumas
vezes
Sinto-me
numa partida de pingue-pongue
Onde
sou a bolinha
Pra
lá e pra cá...
Muitas
vezes
Sou
vidro, um espelho,
Que
se quebra facilmente
E
vive em cacos...
É
isso!
Sou
um caco qualquer
Jogado
no lixo
Sendo
consertado por um menino enorme
Com
uma mão enorme
Usando
uma cola invisível...
Um
menino enorme chamado Deus
Que
brinca diariamente comigo...
NOITE
DE AUTÓGRAFOS
A
fila é grande
Estou
atrasado
É
minha primeira vez...
Sorrio
Sou
simpático
Falso,
talvez,
Como
é preciso ser...
Falo
Converso
com todos
Tiro
fotos...
Bebo
água
Frases
prontas
Dedicatórias
mecânicas
Constantes
e necessárias...
De
repente
Olhos
nos olhos
Verdes
e verdes
O
sorriso paralisa...
Você!
Meu
sonho
O
anjo que previ
A
mulher que me encanta
E
que não existia
A
não ser em minha fantasia...
O
sorriso enfeitiça
Esqueço
a dedicatória
Escrevo
qualquer coisa
E
volto a encará-la...
Ela
se vai
Diz
qualquer coisa
Não
lembro,
Lembro
dos olhos
Da
boca
Da
sombra indo embora
Sumindo...
Meu
anjo
Tão
de repente chegou
Usou-me
e partiu
E
me deixou atordoado
Sem
saber o que fazer
A
partir de agora
Que
sei que você não é sonho...
Minha
ilusão
Meu
sonho
Minha
fantasia...
Meu
anjo...
MENDIGO
Ele
anda pelas ruas
Todos
os dias
Em
busca de uma moeda
Que
o ajude a viver...
São
latinhas amassadas
Papel
e papelão em demasia
Que
nem cabem mais no carrinho...
As
roupas
Rasgadas
e esfarrapadas
Sem
moda.
Suas
botas estão boas
Apesar
de serem de modelos diferentes...
Sua
mulher
Em
uma calçada
Ajuda-o
na labuta diária.
Seu
filho
Pequeno
e inocente filho
Pede
centavos no semáforo
Para
motoristas sisudos...
Sua
casa, um barraco,
Tem
a vantagem de ser própria
E
a desvantagem de não ser casa.
Mas
é um lar...
Em
sua mesa
Hoje
tem feijão e arroz
E
ovo frito...
Dorme
abraçado à esposa
Que
também cheira à pinga
Entre
outras coisas.
Seu
filho
Dorme
como um anjo
No
colchão, ali pertinho...
No
dia seguinte
Quando
volta ao trabalho
Uma
mulher do outro lado da rua
Comenta
com a amiga:
-
Olha lá o mendigo.
Tenho
nojo dele...
E
ele continua vivendo
Mais
feliz
Que
aquela pobre mulher...
LOUCURA?
Pois
é!
Eu
sou louco!
Isso
mesmo: eu sou louco!
Louco,
mesmo,
De
rasgar dinheiro...
Quem
me condenou?
Esqueci,
Nem
levei em conta.
Pra
quê?
Eu
sempre me considerei louco...
A
loucura está na minha cabeça
Dentro
do meu cérebro...
O
que penso é diferente
De
todos os normais,
As
coisas que gosto
Não
tem nada a ver.
Converso
com pássaros,
Com
o vento, com as árvores...
Não
gosto de gente,
Não
confio em ninguém,
Considero
todo mundo falso...
Admiro
a natureza como meu Deus,
E
abomino as coisas humanas...
Por
isso sou louco
E
grito, e canto, e pulo,
E
faço coisas fora do comum...
E
ninguém liga pra nada que faço
Por
quê?
Porque
sou louco,
E
só os loucos podem fazer tudo...
Que
delícia...
Eu
sou livre!
INUSITADO
Seus
lábios
Entreabertos
Esperando
minha iniciativa.
E
eu
Receoso...
Seus
olhos
Aflitos
Pediam
carinho.
Chamavam-me
Carentes...
Seus
cabelos
Soltos
em minhas mãos
Seus
lábios em meus lábios
Seus
olhos nos meus
Seu
corpo
O
meu...
Entrelaçamento...
Cobras?
Plantas...?
Tão
rápido
Tão
intenso
Tão
marcante...
Não
seria tão perfeito
Se
fosse planejado...
Adoro
o inusitado...
NEM
OLHA...
Você
vem
Sorrindo
Vestido
vermelho
Olhos
verdes...
Senta-se
Longe...
Me
vê?
Me
olha,
Me
ignora...
Sorri
Linda
Dentes
perfeitos...
Bebe
café
Come
pão de queijo
Limpa
os lábios
Vermelhos
Batom...
Levanta-se
E
vai
Sorrindo...
Nem
olha pra trás...
PREDADOR
Tum-tum...
tum-tum...
Sinto
meu coração
Ainda
bate
Mas
estou deitado
Não
sinto dor.
Mãos
puxam meus cabelos
Arrancando
em punhados
Todos
Até
não ter mais nada...
Puxam
minhas unhas
Com
alicates, talvez,
Arrancam
Não
doem
Mas
sangram...
Tum-tum...
tum-tum...
Um
canivete corta minha pele
Que
é arrancada
Pouco
a pouco
Até
sobrarem apenas carnes e músculos
Que
sangram...
Como
brincadeira
Diversas
mãos me livram da carne
Passam
facas nos ossos
E
sinto perder os músculos.
Os
órgãos internos se expõem
E
são arrancados...
Tum-tum...
tum-tum...
Meus
olhos ainda estão intactos
Minha
língua ainda está na boca
Meu
cérebro ainda funciona...
Tum-tum...
tum-tum...
Sinto
meu coração
Mas
não sinto o corpo.
Sou
uma caveira
Com
um coração
Aflito
Ansioso
Batendo,
teimoso...
Tum-tum...
Até
quando agüentarei...?
ENVIADO
Vim!
Cheguei
há 42 anos
Estou
lutando
Todos
os dias...
Já
matei leões
Muitos
leões
Dia
a dia...
Me
taxam
Me
criticam
Invejam
quem eu sou...
Sempre
disse:
Inveja
É
falta de capacidade...
Sou
louco
Louco
de Deus...
Sou
um enviado
De
Deus,
Dos
ETs...
Estou
completando minha missão
Todos
os dias
Dia
a dia
Em
verso, em prosa,
Agora,
por exemplo,
Enquanto
você me lê...
Estou
entre o bem e o mal...
Não
me critique
Nem
me cobre
Sou
apenas um enviado
E
nada mais me resta
A
não ser viver para falar
Pouco
a pouco
De
mim
De
você
De
Deus e dos ETs...
E
sentir prazer por isso
Como
eu sinto...
CHOCOLATE
O
chocolate olha para mim
Eu
olho para ele
Ele
me diz:
-
Me come!!!
Eu
me recuso
Se
eu fizer isso
Serei
um ladrão:
-
Não posso! Você é da Solange...
Ele
insiste
Me
mostra suas qualidades
Seu
sabor
Sua
cor:
-
Eu sou gostoso! Aproveita!
Não
posso me segurar
Pego
o chocolate
Agarro-o
Mordo:
-
Hummmmm...
Saciado
Comparo
minha vida:
Se
tudo que for gostoso
Também
for irresistível
Eu
vou agarrar muita gente...
Você,
por exemplo...
ANDARILHO
Uahhhhh!
Já
amanheceu
Os
cachorros latem
E
não me deixam dormir...
Me
sentei
Peguei
a água ao meu lado,
Tomei
um gole,
Que
sede...!!!
Acho
que vou ao banheiro...
Me
levantei
Peguei
a sandálias que achei,
Legítimas,
que não solta as tiras,
Mas,
bastante gastas...
Olhei
para um lado,
Para
o outro,
Me
levantei e fui
Fazer
meu xixi
Atrás
do caminhão,
Perto
do pneu...
Escondido,
Ninguém
viu...
Que
horas são?
Deve
ser muito cedo ainda
Ninguém
está de pé
Só
os cachorros latem...
Me
deitei novamente,
Escondi
minhas sandálias
Para
ninguém roubar,
É
claro...
Me
cobri com o cobertor
Que
Deus me deu
Conforme
meu frio e o provérbio...
Daqui
a pouco vou ao banco
Mas
não irei sacar nem depositar
Vou
tomar café
Comer
bolachas...
Não
foi colocado ali, para mim,
Eu
sei disso,
É
para os aposentados.
Mas,
cá pra nós,
Eu
posso me considerar um aposentado...
Afinal,
Não
quero mais responsabilidades.
Estou
fugindo do stress,
De
todas estas doenças
Que
a sociedade inventou...
Quero
viver
Apenas
isso,
Em
liberdade,
Como
os pássaros e as plantas
Esperando
a comida de cada dia
Conforme
tiver que ser...
Meu
amigos são tantos
Que
só consegui dar valor
Agora,
Depois
da minha aposentadoria...
Antes,
tinha apenas conhecidos
Com
quem não tinha tempo
Nem
de conversar...
Meus
filhos podem se envergonhar,
Minhas
ex-mulheres nem querem me ver,
A
sociedade me taxa de excluído...
E
eu?
Sou
o homem mais feliz do mundo
Porque
sou livre
E
tenho o mundo aos meus pés...
Sou
andarilho...
NADA
Não
sou nada
Vôo
Apenas
vôo
Como
uma pena ao vento
Uma
folha no outono...
Levado
pelo destino
Sem
intuição
Às
vezes
Peito
aberto
Cabeça
erguida,
Outras
vezes
Triste
Deprimido
Chateado...
Não
sou nada...
Quando
percebi isto?
Não
sei
Era
tarde demais
Tudo
rodava...
O
que sinto?
Um
vazio
Sua
falta
Dores...
O
que eu quero?
Não
muita coisa
Talvez
viver
Ou
apenas morrer...
MENTIRAS
Você
mente demais
Eu
te vi!
Lembra
disso?
Eu
te vi...
Você
estava abraçada ao cara
Beijava-o
Eu
vi bem...
O
quê?
Mentira?
Você
acha que estou inventando?
Pra
quê eu faria isso?
Deixa
de ser estúpida...
Olha
Eu
não te quero mais
Fica
com o cara...
Não
existe cara?
Tá
bom, tá bom,
Então
eu sou cego?
Ou
estou vendo demais...?
Era
um amigo?
Tá
vendo! Existe o cara...
Mas
era apenas um amigo...
Amigo?
Beijando
na boca?
E
aquele abraço?
De
tão apertado só parecia um...
Não
te quero mais
Vai
viver a sua vida
E
eu vou viver a minha.
Talvez
eu sofra um pouco
Mas
vou ficar legal...
Aliás,
Antes
disso
Vem
cá!
Me
dá um beijo...
Smack...
Pronto
Este
beijo
É
para esse cara já ir se acostumando
Com
suas traições...
Tchau...
MORTE
Os
olhos
Fixos
para o céu
Não
vêem nada...
O
azul do céu
Nada
mais é
Do
que um passado.
O
canto dos pássaros
Não
mais existe.
O
cheiro das flores
Sumiram...
Os
olhos
Verdes
Fixos
para o céu
Não
vêem nada...
A
água do mar
Em
ondas
Tocam
o corpo
Que
não sente frio
Nem
calor
Nem
nada...
Os
olhos
Verdes
Abertos
Fixos
para o céu
Não
vêem nada...
Um
corpo
Inerte
Como
uma pedra
Sem
vida
Carne
apodrecida
Pelo
tempo...
Meus
olhos
Verdes
Nada
vêem...
Depois
que você se foi
É
como se eu tivesse morrido...
ADMIRÁVEL
MUNDO NOVO
O
vizinho da direita
Já
está no carro
Pronto
para o batente
Indo
para o trabalho...
O
vizinho da esquerda
Repete
sua rotina
Continuamente...
Robôs
Num
sistema cíclico
Repetitivo
Infinito...
Sorrir,
chorar, molhar o rosto,
Falar,
gritar, escovar os dentes,
Tomar
café...
E
eu
Nobre
louco egoísta
Sou
estranho
Porque
penso e faço o que quero
Porque
quero, eu repito,
E
repito porque quero
O
que o sistema não quer...
Minha
camisa não está mais à venda
Já
foi moda, hoje é brechó,
Minha
calça já foi jeans
Hoje
é um pano azul desbotado
Meus
cabelos cresceram
Minha
barba também...
Meu
sorriso é de alegria
Não
tenho botão liga/desliga
Não
adianta querer me mudar...
Se
sou tudo isso
Sou
porque sou louco
Desvairado
e maluco
Hippie,
doido varrido
Sujo,
feio e banguela
Mas
sou o que eu quero ser...
ORGASMO
ESPIRITUAL
Ainda
é cedo
O
sol não queima...
Esquenta...
O
vento bate em meu rosto
A
água salgada toca meus pés...
Longe,
a gaivota voa sobre o barco.
Perto,
sua presença...
Seus
cabelos, seu corpo,
Suas
curvas, perfeição...
Seu
sorriso a cada comentário,
Sua
atenção ao que falo
Seus
toques...
Alegria
e prazer,
Reconhecimento
da presença divina,
A
imensidão do mar
A
sensação de liberdade...
Apenas
eu e você,
Numa
praia deserta,
Toda
a areia, todo o mar,
O
céu e o sol...
Orgasmo
espiritual...
ONDAS
Ando
A
areia fofa me agrada
O
sol a pino
E
o vento sopra forte...
As
ondas
Grandes
Me
acertam
Cada
vez mais violentamente...
E
me despertam
Do
transe que tive
Quando
te perdi...
Minha
cabeça nada pensa
Meu
coração está doendo
As
lágrimas caem dos olhos
E
não sinto nada
Nem
ódio, nem medo,
Apenas
uma falta imensa
Um
vazio infinito
Dentro
de mim...
E
ando
E
as ondas batem
Cada
vez mais forte...
Você
não está mais aqui
E
eu não tenho motivos para viver
Sozinho...
Éramos
um
Em
dois corpos,
Agora
sou ninguém
Sem
você...
TERAPIA
Do
lixo
Ao
luxo,
Da
aura, o ouro...
A
alma,
Clara
Eu...
Quem
me viu
Nem
me reconhece...
“Só
posso fazer mal
a
mim mesmo...”
E
bem?
“E
se eu digo venha
Você
traz a lenha...?”
Sou
assim
Confusão
de idéias
União
de resultados
Positivos
e negativos
Sem
vergonha
Sem
medo
Sem
medos...
Estou
bem
Muito
melhor
Minha
terapia são as poesias
E
você
Com
o que você me fala...
Afinal
Aprendi
que “a
gente sofre de teimoso
Quando
esquece do prazer...”
MEU
MUNDO
Big
Bang
Poeira
espacial
Micróbios...
Areia,
terra,
Água
e pedra
Solidificações...
Um
planeta, um mundo...
Vida!
Homens
e animais
Vegetais
e minerais...
Um
mundo...
Mas,
O
mundo é de quem sonha...
O
mundo é meu!
Todos
os dias
O
mundo é meu...
Sonho
Sempre
Olhos
abertos e fechados
Sonhos
vêm e vão
Formam-se
E
se destroem
A
todo instante...
Mas
são sonhos
E
são meus...
Como
o mundo...
AREIAS
DE
MAXARANGUAPE
Final
de tarde.
O
sol se pondo.
Eu
ao seu lado,
Caminhando,
Sentindo
a água do mar
Batendo
nos pés.
O
vento tocando nossos corpos
Completamente
à vontade...
Mãos
dadas,
Esbarrões
sensuais,
Paradas
obrigatórias,
Beijos,
Buscas...
Final
de tarde...
Como
são as suas mãos?
Como
são seus olhos?
Como
será caminhar ao seu lado?
Você
é a mulher de meus sonhos?
Final
de tarde
Vento
na pele
Levantando
os cabelos
Jogando
respingos das ondas nos nossos olhos...
Final
de tarde
Em
Maxaranguape...
Eu
e você,
Mulher.
Eu
e você,
Seremos
um só.
Só
um sonho...
MATEMÁTICA
SEXUAL
Uma
skol
Um
beijo.
Duas
skol
Dois
beijos...
Uma
caipirinha
Três
beijos
Um
uísque
Quatro
beijos...
Mais
skol
Cinco
beijos
Muito
mais skol
Seis
beijos...
Pinga
pura
Dez
beijos.
Conhaque
Sexo...
Mais
conhaque
Mais
sexo
Uísque,
vinho, campari:
Amor...
Muito
amor...
AVALON
Sou
guiado
Um
barqueiro estranho me conduz
Agora
que a bruma deu uma trégua
De
minutos...
Vejo
a espada
Está
segura por uma mão
Seu
destino é Artur, o rei,
Seu
nome, Excalibur...
Chego
na ilha
Vejo
as noviças
Devotas
à grande Deusa...
Viviane
as lidera
São
donzelas
Devotadas
à Deusa
Também
à Morgana
A
fada
Irmã
de Artur, o rei...
Depois
Na
Távola Redonda
Contarei
a todos
Sobre
aquele dia
Em
que conheci Avalon
A
Ilha das Maçãs...
Uma
vida
Antiga
Relembrada
em sonhos...
VIDA
SAUDÁVEL
Moro
sozinho
Apenas
um quartinho
Um
banheiro
Cama,
geladeira e fogão,
E
muita paz...
Acordo
quando quero
Independentemente
da hora
Pode
ser dia ou ainda noite
A
vida é minha
A
hora me pertence
Não
dou satisfação a ninguém...
Escrevo
muito
A
todo instante
Sobre
tudo...
As
idéias vêm
Anoto-as
Em
qualquer momento...
Ando
pela praia
À
noite, de dia,
Com
sol ou com chuva
Sozinho...
Tudo
vira poesia...
A
concha na areia
O
peixe semimorto
O
barco de pesca chegando da pescaria
O
sol que se põe
A
lua cheia no céu...
Uma
vez por ano
Durante
trinta dias
Você
me visita...
Você
é especial
É
a única razão que me mantém sociável
Senão
já teria virado índio
E
me embrenharia na mata...
Você
vem
Com
seus olhos verdes
Seu
jeito estonteante
Sua
inteligência invejável
Suas
brincadeiras saudáveis
Seu
carinho provocante...
Trinta
dias por ano
Eu
te tenho.
Você
não fica mais que isso
Eu
não vou para onde você me chama
E
tudo se repete ano a ano...
Vivo
dia a dia te esperando
Me
alimento desta saudade
Sobrevivo
para te esperar...
Conto
os dias
Conto
os meses
Mas
vivo todos eles
Intensamente...
Pesco
Como
peixe
Temperado
apenas com sal
Assado
na brasa...
Plantei
umas frutas
Crio
galinhas
Tenho
um cachorro companheiro
E
uma rede na varanda...
O
violão já encostei
As
fotos são minha diversão
O
mar é minha vida
As
obrigações sociais as minhas aversões...
As
palavras aparecem na mente
E
as transformo em poesias
Em
contos
Em
histórias...
Assim
é minha vida
Saudável
Feliz
Invejável...
Não
lembro da minha última dor de cabeça
Não
lembro da última nota de cinqüenta
Não
lembro do saldo da conta...
E
sou feliz por isso
Por
estar vivo
Ter
braços e pernas
E
morar na praia
Num
quartinho
Com
banheiro
Cama,
geladeira e fogão,
Cerveja
gelada me espera
E
o seu vinho guardado
Pois
trinta dias por ano
Você
vem me visitar
E
falamos de amor...
Trinta
dias por ano
De
amor
Com
você...
APÓS
MORTE
Tantos
olhos
Muitos
rostos
Todas
as cores
E
ninguém igual a você...
Óculos
Nos
olhos
Na
cabeça
Na
mesa...
Tantas
pessoas
Todas
diferentes
Cabelos,
sorrisos,
Pesos
e alturas...
E
ninguém igual a ninguém...
Quem
é dono deste molde?
Como
é possível não repetir?
Coincidências
universais...
Quem
é este ser
Que
nos fabrica
E
não nos deixa repetir...?
Perguntas
que se confundem
E
por si só se respondem
Pois
se há morte depois da vida
O
que haverá
Depois
da morte...?
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