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Algumas Poesias - Parte 3
CARONA
Entre
Fique
à vontade
Coloque
o cinto
Vamos
rodar...
Onde
você quer ir?
Eu?
Qualquer
lugar.
Contigo
ao meu lado
Vou
a qualquer lugar
Sem
mapas
Nem
bússolas...
Faço
o que você mandar
Paro,
ando, viro,
Ou
sigo em frente
Sempre...
Podemos
conhecer muitos lugares
Praias,
montanhas,
Capital
ou interior,
História,
geografia,
Tudo
está em nossas mãos...
Vem
Vamos
Eu
realizo seus sonhos
Você
realiza os meus...?
“Larga
de ser boba e vem comigo
Existe
um mundo novo e eu quero te mostrar...
Que
não se aprende em nenhum livro
Basta
ter coragem pra se libertar, viver, amar...”
Hyldon
–
Na sombra de uma árvore
HOMEM
INVISÍVEL
Ando
pelo corredor
Vejo
olhos e corpos em meu caminhar
Sinto
cheiros e jeitos
Mas
ninguém me vê...
Tanta
gente ao meu redor
Conversam
entre si
São
pacientes,
Colegas,
autoridades,
E
ninguém me vê...
Não
sabem o que perdem
Não
sabem quem eu sou
Não
sabem de meu potencial...
Perdem
a chance de um bom papo
Não
valorizam minha companhia
Nem
sabem que será por tão pouco tempo...
Poderíamos
sorrir entre si
Trocar
piscadas, apertos de mão,
Beijos,
afagos,
E
conversar bastante...
Tenho
histórias incríveis para contar
Já
viajei muito
Li
bastante
Conversei
com pessoas muito inteligentes
E
vivi...
Vivi
em Estados incríveis
Convivi
com a pobreza material em Pernambuco
E
com a riqueza fraternal destes mesmos pernambucanos,
Pesquei
com senhores experientes
Que
sabiam tudo sobre os rios, as luas,
E
as formas de tirar o peixe do anzol...
Troquei
informações com prefeitos
Fiz
amizade com juízes
Conheci
músicos famosos
Fui
amigo de políticos...
E
senti o amor de perto
Com
mulheres especiais
Que
se apaixonaram por mim
E
que se deixaram me apaixonar por elas...
Vi
a natureza do Nordeste
O
sol secando riachos
Árvores
quase mortas
Animais
magros,
E
também vi o mar
Pessoas
bonitas e bem vividas
Belas
por poder se cuidar
Com
corpos esculturais
Andando
na praia da Bahia...
Capitais
e interior
Conheci
ricos e pobres
Crentes
e ateus
Homens
e mulheres...
E
hoje
Sou
apenas um ser
Invisível
Me
amedrontando
Causando
cortes em meu inconsciente
Dando
saudade quando fui poderoso
E
tinha amigos à vontade...
O
que é o poder?
Quando
você o tem
Te
traz tudo
Por
conseqüência...
Quando
você o perde
Ao
poder
Você
perde tudo...
E,
na verdade,
Perde
tudo o que não valia nada...
Sou
invisível
Ando
pelo corredor
Mas
quando descobrirem quem eu sou
Vão
querer me conhecer melhor
E
será tarde
Pois
já estarei em outra dimensão...
CULPA
DO
PAI
Eu
tenho medo de gente
Eu
tenho prazer na solidão
Eu
tenho que ser prestativo
Eu
tenho que ser honesto
Eu
tenho que ser machista
Eu
tenho que trabalhar
Eu
tenho que pagar as contas...
Eu
não posso chorar
Eu
não posso beijar meu filho
Eu
não posso passear com meu filho
Eu
não posso ser rico...
A
culpa é do meu pai...
Que
me ensinou que homem não chora
Que
me ensinou que homem é quem manda em casa
Que
me ensinou que homem põe dinheiro em casa
Que
me ensinou que dinheiro é melhor que amor...
A
culpa é do meu pai...
Que
nunca chorou
Que
nunca me beijou
Que
nunca passeou comigo
Que
nunca foi rico...
Desculpa
pelo mal que te faço.
A
culpa é do meu pai...
PLANOS
PLAUSÍVEIS
Casas?
Carros?
Fazendas?
Que nada!
Eu quero muito mais...
Carros?
Fazendas?
Que nada!
Eu quero muito mais...
Eu
quero paz...
Onde
se vende?
Quanto custa?
Não sei...
Quanto custa?
Não sei...
Meus
bens não me trouxeram a felicidade.
Vendi a casa
Roubaram o carro
Perdi os imóveis e o dinheiro...
Vendi a casa
Roubaram o carro
Perdi os imóveis e o dinheiro...
Agora
vou mudar minhas escolhas...
Quero
uma varanda
E ver o mar, dali.
Quero cerveja gelada na mão,
Um cachorro deitado aos pés,
O som ligado...
E ver o mar, dali.
Quero cerveja gelada na mão,
Um cachorro deitado aos pés,
O som ligado...
Quero
andar de mãos dadas com meu amor.
Sentir o mar, a areia da praia, o sol,
Poder perceber a beleza que é viver
Sem dogmas nem medos...
Sentir o mar, a areia da praia, o sol,
Poder perceber a beleza que é viver
Sem dogmas nem medos...
Quero
asas!
Quero voar.
Quero meus sentimentos pulsando...
Quero voar.
Quero meus sentimentos pulsando...
Não
quero dinheiro...
Tudo
bem.
Quero o suficiente para suprir as necessidades...
Quero o suficiente para suprir as necessidades...
Quero
trabalhar
Mas, por prazer,
Não por obrigação...
Mas, por prazer,
Não por obrigação...
Quero
escrever.
Quero ser escritor.
E morar à beira-mar...
Quero ser escritor.
E morar à beira-mar...
Quero
meu amor ao meu lado, sempre.
Acordando, almoçando, comprando, passeando...
Acordando, almoçando, comprando, passeando...
Vivendo
comigo...
Quero
sentir seu corpo,
E mostrar meu calor...
E mostrar meu calor...
Quero
que meus filhos me amem
Pelo menos a metade que eu os amo...
Quero ser feliz, sim, por que não?
Acho que é possível,
Acho que sou capaz...
Pelo menos a metade que eu os amo...
Quero ser feliz, sim, por que não?
Acho que é possível,
Acho que sou capaz...
Porque
felicidade pra mim é a paz...
COMO
UM FILME
A
minha vida é um filme
Tantos
personagens e locações
Tantos
encontros e desencontros
Tantos
desdobramentos...
Às
vezes é uma tragédia
As
coisas acontecem
Não
seguem roteiro...
Às
vezes vira comédia,
Em
outras, terror.
Sofrimentos
passam pelos meus dias
Trazem
crescimento
E
derrubam na mesma proporção...
Sexo,
drogas e rock and roll
Misturam-se
em noites mal dormidas
Mas,
bem vividas...
Trabalho
e romance,
Aventura
e balada,
Compõem
o meu dia-a-dia
Trocando
figurinos e maquiagem...
Rotina...
Acendo
o cigarro,
Pego
um uísque,
Dão
close-up.
Captam
minhas preferências...
Marketing...
Todo
dia é dia de filmagem
Estou
sempre cansado
A
correria é enorme...
Vou
contando os dias
Esperando
a estréia.
Com
quem ficarei no final?
Como
será o final?
Como
morrerei no final?
Afinal,
todos os finais são iguais...
BRAÇOS
ABERTOS
O
cravo fincado
Mão
direita
Mão
esquerda
Pés...
Braços
abertos
O
sol queimando
A
sede aumentando
A
dor...
É
como se visse
Pessoas
chorando
Alguns
apostando
Outros
ignorando,
Sem
sentimentos...
É
como se sentisse
O
último suspiro
O
último pensamento
Perdão...
O
terremoto
A
ressurreição
E
o milagre...
É
como se pudesse
Sentir
Com
um coração humano
O
poder de Deus...
Não
posso...
ANDARILHO
2
Sem
ninguém ao meu lado
Eu
ando pelo mundo...
Sem
destino,
Sem
rumo,
Apenas
ando...
Onde
vou chegar?
Não
sei e nem estou preocupado...
Só
sei que vou continuar minha caminhada
Apreciando
a natureza
Sentindo
a Força Cósmica
Dentro
de minha alma...
Já
falaram que é uma fuga
Mas
eu não concordo.
Eu
acho que é uma busca...
De
quê? Pra quê?
Não
sei, não encontrei ainda...
Meus
dias não são iguais.
São
dias, apenas,
Com
coisas simples,
Pessoas
simples,
Que
aparecem e se somem...
As
emoções são diferentes
Mas
são mais fortes agora...
Quebrei
minhas correntes
E
fiz meu caminho,
Criei
novas estradas...
Sou
andarilho,
Cansei
de andar em trilhas já desbravadas...
JESUS
Lá
está ele
Crucificado
Olhando
a multidão aos seus pés
Permitiram
seu sofrimento.
Um
exemplo político
Ou
um ato religioso...?
Sua
mão direita dói mais que a esquerda
O
cravo, pregado, pegou algum nervo.
Seus
pés também doem
Mas,
menos...
Olha
para cima
Seus
criadores ainda não apareceram
Como
haviam prometido...
O
tempo passa
Ele
não tem mais forças.
Ele
tinha feito a sua parte no plano...
Além
de carregar a cruz
Foi
pregado
Impediram
seus movimentos
Tentaram
destruir um mito...
Ele
vê a luz se aproximando
E
exala seu último suspiro.
No
mesmo instante um raio o tele-transporta
Causando
um enorme estrondo
Um
terremoto...
Já
na nave, recupera o fôlego
É
muito bom voltar a ser luz
E
não ter aquela carne como moradia
Tão
frágil...
Três
dias depois ele volta
Aparece
para alguns
Uma
visão como a carne
Conversa
com outros
Resolve
extinguir aquela carne
Que
iria se decompor
Como
um resto de nada...
Seus
criadores estão satisfeitos em tê-lo submetido àquela missão
Sucesso
total
Para
dar regras aos humanos
Uma
lei natural a ser seguida
Inexistente
no papel
Influência
psicológica...
O
pecado foi criado
O
perdão estava inspirado entre todos
Um
regulamento
Ordem...
E
voltam para Antares
Reverenciar
o seu Deus único
Como
também faremos daqui a algum tempo...
Um
regente único de todo um Universo...
PÁSSARO
Como
um pássaro
Que
cruza os céus
E
pousa onde quer
Eu
também sou livre...
Eu
ando por onde quero
Sem
hora de partir
Nem
hora para chegar...
Almoço
quando quero
Às
vezes ao meio-dia
E
às vezes às nove da manhã...
Às
vezes, apenas janto...
Vou
dormir na hora que escolho
No
lugar que bem entender:
No
banco da praça
Na
areia do mar,
Nem
preciso apagar as luzes,
Pois
as estrelas me iluminam
E
a lua brilha só para mim...
Como
um barco
Singrando
o rio
Eu
ando pelas ruas
Conhecendo
a vida
E
aprendendo todos os dias
Que
é possível ser feliz...
Eu
canto, eu grito,
Eu
corro, eu paro,
Eu
vou, eu fico,
Porque
eu sou livre
E
ninguém vai tomar isso de mim...
Você
também pode ser livre,
Mas,
não demore,
Amanhã
pode ser tarde demais...
ANJOS
E DEMÔNIOS
Meu
anjo
E
meu demônio
Brigam
incessantemente
Dentro
de mim...
Pedem
espaço
Prioridade
Exclusividade...
E
eu nego
Aos
dois
O
controle de minha vida
O
controle de meus dias
O
meu destino...
Eu
controlo meu anjo
E
sou mau.
Como
um lobo, atacando criancinhas;
Como
um pirata, pilhando cidades;
Como
um estuprador, sem escrúpulos;
Como
o mal...
Eu
também controlo meu demônio
E
sou bom.
Na
caridade que faço para as instituições
Ao
ajudar a velhinha a atravessar a rua
Ao
afagar carinhosamente a cabeça da criança doente
No
amor...
E
faço minha vida
Dou
os meus passos.
Às
vezes aceito o demônio
Apimentando
as coisas,
Às
vezes solto meu anjo
Apaziguador...
E
sigo,
Sorrindo
e feliz,
Por
saber que sou eu quem está no poder
E
não o anjo
Nem
o demônio...
INFANTILISMO
Depois
de tanto brincar de esconde-esconde
A
gente se descobre,
Se
acha,
E
se encaixa...
Você,
pura como um anjo,
Vira
boneca em minhas mãos.
Eu,
boêmio perdido,
Viro
robô nas suas...
Voltamos
a uma infância utópica...
Como
pião, rodo para te fazer feliz.
Igual
a um carrinho de rolimã,
Desço
ladeiras para te completar...
Faço
e desfaço de minha boneca
Troco
roupas, dou banho,
Crio
histórias,
Brinco
de casinha...
Você
joga bola, usando-me,
Joga-me
na parede,
Volto
às suas mãos,
E
sinto prazer em cada jogada...
Moleca,
sapeca,
Moleque,
sacana.
Fazemos
de nossa velhice, uma infância...
Para
a eternidade...
VOZ
Entre
duas pessoas é bate-papo
Sozinho
é monólogo
Em
grupo vira reunião
No
virtual é conferência
No
celular é ligação...
Acima
do tom torna-se grito
Desespero
Loucura
Berro
Exagero...
Abaixo
da tonalidade vira cochicho
Gemido
Resmungo
Segredo
Sussurro
Fofoca...
Com
sorrisos é piada
Com
lágrimas é notícia ruim...
No
palanque é discurso
Na
escola é aula
No
hospital é consulta
Em
casa é educação...
Inteligente
é solução
Insistente
é incômodo
Autorizada
é livre-arbítrio
Proibida
é ditadura...
A
minha voz
É
seu conforto.
A
sua?
É
minha paz...
NOITE
FRIA
O
vento frio
Invade
as frestas das telhas
A
fechadura da porta
O
vidro quebrado da janela...
Atinge
meu pescoço
Desce
pela espinha
Chega
até o mais profundo
Do
meu âmago...
Arrepio...
A
minha roupa é insuficiente
Para
tanto frio...
Minha
coberta é pouca
Minhas
meias não me esquentam
Preciso
de algo mais...
Abro
o uísque
Uma
dose apenas
Desce
queimando...
Sem
gelo, claro!
Mais
uma dose
Para
ter a certeza de que ficarei melhor
Nesta
noite fria...
Mesmo
assim
O
frio continua...
Olho
pela janela
A
noite escura não esconde as estrelas
As
luzes dos postes não iluminam o suficiente...
O
silêncio lá fora
Faz
mais frio que o vento...
Então,
tudo muda,
De
repente...
Você
vem vindo
Andando
calmamente
Linda...
O
cabelo nos ombros
Blusa,
Chapéu,
Cachecol...
Linda,
Absolutamente
linda...
Sorri
quando me vê
Sorrio
de volta...
Abro
a porta
Você
entra
Te
beijo...
Mais
tarde,
Que
loucura,
Percebo
que o frio se foi...
Mesmo
sem roupas
Estamos
tão quentes...
O
amor nos esquenta...
PEDRA
QUE ROLA
Eu
não quero ser apenas uma pedra
Imóvel,
sozinha,
Na
praia
Tomando
sol ou chuva
Sem
possibilidades...
Quero
ser pedra que rola
Não
quero criar limo
Quero
viver a vida...
Perdi
o medo da chuva
O
medo do mar
O
medo da vida
O
medo de amar...
O
segredo da vida
É
querer sempre ser o rei
Não
apenas um príncipe
Muito
menos um bobo da corte...
Todos
somos iguais
Independente
de tudo e de todos
E
não podemos nos satisfazer apenas com gotas...
Sou
capaz
Somos
capazes
Somos
mais...
É
por isso que quero a chuva
Quero
me molhar
Com
a água da vida
Na
maré do dia-a-dia
Onde
as ondas me levem
Mas
também me trazem
Para
o amanhã
Para
o próximo passo...
Pois
sou pedra que rola
Como
o Raul pediu para eu ser:
Uma
metamorfose ambulante
Nesta
sociedade alternativa
Que
eu mesmo construí...
FIO
DE VIDA
Os
aparelhos sustentam tua vida
Respiras
devagar.
Agora
estás descansando
Como
tanto quisestes na vida...
Teu
espírito está dividido
Entre
ir e partir
Deixar
os prazeres da Terra
Ou
desfrutar da paz do Além...
Apenas
um fio te mantém conosco
Teu
corpo não responde mais.
Uma
falha humana,
Um
problema mecânico,
Tudo
pode acontecer e te perderemos...
Faltam
três dias para acabar o ano
E
apenas um fio te segura aqui.
Será
que ouvirás os fogos estourando no céu
Como
gostava tanto quando estavas lúcida?
Será
que verás os brilhos que eles fazem
Faiscando
labaredas coloridas nos céus?
A
incerteza de mais um minuto conosco
É
a mesma da eternidade do paraíso.
Siga
teu caminho
Não
te prendas a este mundo mesquinho
Onde
sofrestes tanto...
Nem
na tua despedida consegues ser feliz.
Tudo
em teu corpo já parou
Apenas
uma máquina te mantém aqui...
Parta,
faça sua viagem.
Não
leves nada contigo a não ser o nosso amor
A
não ser a certeza de que farás falta
A
não ser a dor que deixarás em não termos sua presença material...
Vá
embora...
Siga
teu caminho...
Obrigado
pelo teu amor
Obrigado
pelo que tu fizestes
Obrigado
pelo amor que nos deu...
Mas,
agora,
Vá,
siga teu caminho,
Tenho
certeza de que algo melhor te espera...
MARIONETES
Fios
invisíveis
Seguram
o Sol
Acima
de nossas cabeças...
Os
Planetas
Um
a um
Estão
pendurados no infinito espacial
Girando
incessantemente
Em
torno de si mesmos
E
em torno do Sol...
Fios
invisíveis
Brincando
com os Planetas.
Um
móbile...
Na
Terra
Homens,
como bonecos,
Andam
pra lá e pra cá
Em
carros, a pé,
Sempre
em frente
Mesmo
em marcha à ré...
Homens
Bonecos
controlados por fios invisíveis
Como
os planetas...
Homens
Que
andam nas ruas
Nadam
nos rios
Morrem
em hospitais...
E
se transformam em almas
Que
voam
Para
o Paraíso
Ou
não
Manipuladas
por fios invisíveis
Em
enormes mãos celestes...
Homens
Bonecos
Marionetes
de Deus...
VÉSPERA
DE NATAL
Saio
do Shopping
É
Natal
Paro
o carro
Sinal
fechado
Vermelho...
Luzes
e mais luzes
Em
todos os lugares
Todas
as lojas
Menos
nos olhos da menina
Que
me pede uma moeda...
Só
uma
Qualquer
valor
É
véspera de Natal
Daqui
a pouco o Papai Noel vai chegar...
Tenho
Mas
não dou
Educativamente...
Dói
o coração
E
não consigo mais avançar
Quando
o sinal abre
E
volto no tempo
Quando
não tinha carro
Quando
não tinha casa
Quando
não tinha moedas...
E
vejo como mudei
E
passei a valorizar o sistema
Econômico
e social
E
me afastei do bem
Das
pessoas que amei
De
gente bondosa
Do
amor...
Quero
acumular bens materiais
Ter
crescimento profissional
Dinheiro,
casa, carro,
Status,
afinal...
Persegui
o materialismo
Vivo
em consumismo desenfreado
E
só agora percebo
Que
tudo desaba
Quando
vejo a lágrima
Da
menina no sinal
Com
fome
Sem
ninguém
Sem
a ceia
Na
véspera de Natal...
AMEAÇAS
Enquanto
você
Fica
me ameaçando
Não
percebe que ela
Continua
se arrumando
E
cada vez mais bonita
Para
a rua vai...?
Seu
cheiro é gostoso
Seu
vestido, provocante,
E
você ameaça a mim?
Se
fôssemos animais
Você
estaria perdido
Com
uma fêmea assim...
Ameaçar
não adianta
Você
precisa agir...
Existem
possibilidades amargas
E
outras tão doces
E
fáceis...
As
amargas incluem
Correntes
e grades,
E
as doces giram
Em
torno do amor...
Amar
incondicionalmente
Pensando
na fêmea, apenas nela,
E
gerando prazer
Em
retorno aos seus atos...
Quando
fizer isso
Ela
nunca mais sairá do seu lado
Pois
você conquistou seu coração...
No
entanto,
Se
sua raiva for muita,
É
mais fácil matar a cadela
Do
que um cachorro inimigo
A
cada dia...
DIFERENÇAS
Eu
sou um nome
Escolhido
ao nascer
Por
pessoas até então desconhecidas para mim...
Eu
criei o poeta
Tirei-o
de dentro de mim...
Hoje,
somos um só,
Separados
apenas por traumas e preconceitos
Que
adquiri em minha existência...
Eu
sonho,
O
poeta realiza;
Eu
desejo,
O
poeta se sacia;
Eu
quero,
O
poeta tem...
Quando
olho no espelho
Não
sei quem sou
Mas
quando falo com as pessoas
Sou
o nome, cheio de razão
E
lógica...
O
poeta é louco,
Eu
o censuro;
O
poeta ama,
Eu
tenho medo;
O
poeta é sensível,
Eu
sou durão...
Eu
quero ser o poeta
Mas
ainda estou no ovo
Sendo
chocado
Aos
poucos
Preparando-me
para nascer...
Estou
quase pronto...
A
MOEDA DO PALHAÇO
Em
meu carro
Baixa
velocidade
Luz
verde
Semáforo
Amarelo
Presto
atenção
Vermelho
Paro
Atrás
de outro carro...
Na
frente
Surge
o palhaço
Roupas
coloridas
Nariz
vermelho
Sorriso
pintado na cara...
Faz
malabarismo
Usa
três peças
Não
demora muito
Mas
impressiona...
Sorri
E
segue em direção aos carros
Mão
estendida
Receber
pelo trabalho...?
Olha
pra mim
Balanço
a cabeça
Carro
a carro
Outros
me repetem
E
a mão, estendida,
Continua
vazia...
Ele
volta
Encosta-se
no poste
Abaixa
a cabeça
Está
triste...
Vi
uma lágrima?
Não
sei
Pode
ter sido impressão...
Tudo
que ele queria era uma moeda
Eu
tinha diversas
Todos
tinham
E
ninguém as deu...
Verde
Sigo
em frente
Afinal,
a vida continua,
Mesmo
que a lágrima do palhaço
Jamais
saia da minha mente
Por
me omitir
Por
não valorizar a arte
Apresentada
por um artista
Corajoso
e valente
Em
um sinal fechado
No
sábado à tarde
Em
São Paulo...
SOL
NASCENTE
O
sol nasce
O
prazer é indescritível
Vivo
Sinto
o ar
Oxigênio
Entra
nos pulmões
Invade
o cérebro
Sensações...
A
praia
Deserta
Me
desperta o espírito
Me
prepara
Vou
te ver
Daqui
a pouco...
Nem
dormi
Fiquei
aqui
Bebi
um pouco
Algumas
latas
Cochilei
Não
quero atrasar
Muito
menos faltar...
A
água subiu
A
maré chegou
E
me acordou...
Te
vejo
Vindo
devagar
Sorrindo
Olhando
o mar
Pegando
conchinhas
Dançando...
Sorri
ao me ver
E
me abraça
E
me beija...
Eu
não vivo sem você...
CEMITÉRIO
Puro
silêncio
Nem
um pio de coruja
À
espreita
No
galho da árvore
A
me olhar...
Pernas
bambas
Sigo
entre túmulos
Estátuas
que me cercam
Anjos
com asas
Algumas
quebradas...
Um
uivo
Talvez
um cão
À
procura da parceira
Ou
talvez não...
Gotas
de orvalho
Caem
das árvores em pingos,
Uma
cerração
Impede
a visão completa,
Uma
ventania...
Uma
ventania
Repentina
e assustadora
Me
faz arrepiar...
Outro
uivo
Mais
alto
Mais
forte...
Sinto
medo
Quero
correr
Mas
não consigo
Minhas
pernas não deixam...
Estátuas
criam vidas
Anjos
voam
Túmulos
abrem
Mãos
e cabeças surgem do nada
Mortos
Zumbis...
Eu
corro!
O
portão do cemitério não está longe
Fecha-se
lentamente
Preciso
ser rápido...
Eu
corro
Consigo
sair
Por
pouco
Muito
pouco...
E
não vejo mais a cerração
Nem
escuto os uivos
Nesta
noite linda
De
lua e estrelas...
Do
lado de fora
Do
cemitério...
JUREI
Eu
jurei
Uma
vez, duas, três...
Tantas
vezes jurei
Que
nem me lembro mais
E
hoje
Tenho
que falar
Que
quebrei minhas juras...
Jurei
que não ia mudar
E
mudei;
Jurei
que não ia ficar
E
fiquei...
Fiquei
porque te amo
Mudei
porque me amo...
A
minha roupa não é a mesma
Percebi
que o vermelho me cai melhor
E
aderi ao encarnado
Por
dentro e por fora...
Quem
ficou feliz foi o cigano
Ele
sabe, ele sabe...
Uso
tênis
Mesmo
que você prefere sapatos,
Uso
camisetas
E
você prefere camisa social...
Ah,
que delícia...
A
minha liberdade permite que eu faça
Mesmo
que você não goste,
E
a mesma liberdade me permite te amar
Mesmo
que você não queira...
E
te amo
E
vou te conquistar
Sendo
como sou
E
continuando sendo assim
Um
camaleão
Adaptando-se
às mudanças...
Ah,
que delícia...
E
fico
Sempre
estarei aqui
Ao
seu lado
Quase
sombra
Mesmo
quando não há sol...
Fico
porque te amo
Fico
porque me amo...
RETAS
CURVAS
Tem
certos dias que a tristeza aparece sem explicações.
Instala-se
em vazios da alma,
Aloja-se
em nosso íntimo...
-
Um anjo triste - diria Renato Russo...
E
o azul vira cinza
E
as retas, curvas...
Todos
os copos pela metade estão quase vazios...
Não
queria sentir isso, mas sinto.
Queria
não sentir nada,
Nem
ódio, nem tristeza,
Nem
amor, nem alegria...
E
se sentisse, que gritasse, que brigasse...
Que
agisse como um louco
Dando
murros em paredes
Chutes
em portas
E
fizesse caretas
Assustando
as pessoas...
Não
quero mais falar nisso.
Não
consigo pensar
Não
vou mais escrever...
Quero
dormir...
Quem
sabe os dias voam
E
um novo tempo chegue
Em
um novo ano
Numa
nova vida...
E
o anjo sorriu, mesmo triste...
ANATOMICAMENTE
PERFEITOS
A
perfeição dos encaixes
De
tamanhos e posições
Horizontal
e verticalmente
Homem
e mulher
Eu
e você...
Minha
boca
Combina
com teus seios,
Minhas
mãos
Combinam
com tuas coxas,
Suas
curvas
Preenchem
as minhas...
Côncavo
e convexo
Somos
dois
Quando
separados,
Viramos
um
Quando
juntos...
E
por que separar?
Vem,
Me
preenche com seu corpo
Que
te completo com o meu...
Me
usa
Como
eu te uso,
E
deixa eu te fazer feliz
Como
você me faz...
AGULHAS
Quando
a agulha entra,
Não
dói.
Estou
anestesiado de ódio...
A
seringa vazia
Vai
se enchendo aos poucos
Com
meu sangue vermelho
Quando
vou puxando
Devagar
Bem
devagar...
Uma
seringa
Duas,
dez...
Tantas
quantas forem necessárias
Vou
tirar de minhas veias.
Quero
me ver livre deste sangue
Viciado
em você
Impregnado
por você...
Onze,
doze,
Vinte...
Não
tenho mais forças
Mas
preciso continuar.
Tenho
que tirar você de mim
Pois,
agora que não está mais na minha mente,
Ainda
te sinto no coração...
Vinte
e uma, vinte e duas...
Espero
me ver livre deste sentimento
Quando
não houver mais sangue
Em
meu coração...
PASÁRGADA
Estou
indo pra Pasárgada
Eu
e meu amigo Manuel
Que
é amigo do Rei...
Lá
em Pasárgada,
Teremos
as mulheres que quisermos
Nas
camas que escolhermos...
Não
sei onde fica Pasárgada
Foi
o Manuel quem me contou,
Mas,
estou indo pra lá
Pois
ele diz que lá tem tudo
Que
é outra civilização...
Vou
em busca de mulheres
O
Manuel me disse que lá
Só
tem prostitutas bonitas
Que
usam preservativos
Para
evitar concepção...
O
Manuel, meu camarada,
Que
é amigo do Rei
Vai
me apresentar muitas mulheres
Para
eu poder namorar
Na
cama que escolher...
Eu
adoro o Manuel
Pois
ele é amigo do Rei
Lá
em Pasárgada,
Que
fica perto de Maxaranguape
Onde
tem mar
E
também onde tem rio...
Quer
ir também?
Vamos
embora pra Pasárgada...?
SILÊNCIO
Se
eu pudesse ser o infinito
Gostaria
de ser, apenas,
O
silêncio...
O
silêncio dos ventos
Calmos
Que
nem soprariam...
O
silêncio dos pássaros
Calados
Em
seus poleiros...
O
silêncio das folhas
Presas
Em
seus galhos de árvores...
O
silêncio dos mudos,
Dos
surdos,
Dos
considerados normais...
Nunca
seria o antes,
Talvez
nem o durante,
Com
certeza o depois...
Na
canção, seria a pausa,
No
andar, seria a queda,
Na
vida, seria a morte...
Não
queria ser muito
Só
o silêncio me basta...
SEM
LÓGICA
Tenho
sentimentos
Amor,
ódio, paixão e loucura,
Que
se revezam
Sem
sentido...
E
para quê o sentido
Nesta
vida insana que vivo?
Se
sou pedra que rola
E
não cria limo
Para
quê a lógica que você me pede...?
Quero
dizer coisas sem sentido
Quero
me apaixonar todos os dias
Quero
chorar e sofrer
E
também gargalhar de alegria...
Não
quero ser perfeito
Apenas
viver meus erros e acertos
Como
um ser humano qualquer
Sem
privilégios...
Não
quero ser futuro nem passado
Apenas
presente
Ou,
talvez, um presente,
Entregue
nas mãos dos amantes
Falado
por lábios apaixonados
Palavras
que escrevo...
A
lógica na minha vida
Está
na falta dela,
A
lógica...
COMO
UMA ÁRVORE
Sou
como uma árvore
Previsível
por estar estagnado
Acomodado
por natureza
Abençoado
também
Admirado
ou rejeitado
Por
ser
Apenas
por existir...
Sou
uma árvore
Cresci,
finquei raízes,
Espalhei
sombras
Produzi
frutos
Fui
útil...
Uma
árvore
Cujas
raízes crescem a cada dia
E
começam a incomodar
Arrebentam
raízes
Precisam
ser cortadas...
Árvore,
apenas,
Comum,
singular,
Mas
sem vulgaridades
Fixo,
mas não eterno,
Com
brotos...
Poda,
Preciso
de poda,
Corte
os galhos desnecessários
Prepare-me
para ser mais forte
A
cada dia...
Dê-me
sol
Dê-me
água
Dê-me
seu amor...
É
pouco o que preciso
Para
sobreviver...
DEUS
Meu
Pai que estás no céu
Aí,
sentado,
Tendo
à sua direita, Jesus,
E
à sua esquerda...
Meu
Pai, eu não te peço muito
Talvez
paz,
Talvez
amor...
Talvez
te peça apenas
Um
ombro em que eu possa me escorar
Ou
talvez que eu saiba servir de escora pra alguém...
Talvez
dinheiro para a comida
Talvez
saúde
Talvez
uma família feliz
Talvez
um bom trabalho...
Quem
sabe pode ser sossego
Numa
bela ilha
Ou
numa bela praia...
Ou
então que consiga aprender
A
distinguir quando eu preciso sorrir
Ou
chorar, quem sabe...
Talvez,
meu Pai,
Que
eu aprenda a valorizar os meus dons,
Aquele
de falar,
O
de ouvir,
E
o de escrever...
Precisaria
de sabedoria
Para
perceber quão belos são meus filhos,
Que
muitas pessoas me amam...
E
eu não amo ninguém...?
É,
meu Pai, que estás no céu,
Eu
nem sei te pedir
Como
posso te agradecer?
Então,
vamos combinar uma coisa?
Você
apenas me faz um boneco
E
me usa
E
me transforma
Conforme
a sua vontade...
Mas,
não faça as experiências que tens me feito
Como
se eu fosse uma cobaia,
Um
rato de laboratório...
Transforme-me
em uma pessoa
Talvez
um anjo
E
que só faça o bem
Só
coisas boas...
E
que,
Quando
eu mudar uma linha do que está escrito
Que
seja para melhor...
Obrigado,
meu Pai. Amém...
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