Levanto
a cabeça e te vejo fazendo um bolo
O
café está cheirando
Mas
a rede está tão gostosa...
Nas
sombras dos coqueiros posso relaxar
E
esquecer dos problemas que tive
Mas
deixei pra lá...
Vejo
o mar, lá longe,
O
barco de pesca que vem, carregado,
Nesta
tarde...
As
gaivotas os acompanham
Esperando
a parte delas...
Pessoas
vêm e vão pelas areias
Sem
saber que estou ali
Não
precisam me conhecer
Nem
saber que eu existo...
Tem
momento que é bom não ser ninguém,
Não
estar atento aos movimentos políticos,
Aos
altos e baixos da economia,
Às
fofocas da televisão...
É
tão bom não ter vizinhos
Que
vivem a nos incomodar e nos perseguir
Procurando
os nossos erros
E
invejando nossos acertos...
É
tão bom não ter ninguém e ter todo mundo,
De
uma forma completa e vazia,
Preenchendo
o coração
Sem
usar a carteira ou o talão de cheques...
É
tão bom não ser ninguém
Morar
num lugar esquecido pelo mundo
Mas
abençoado por Deus...
É
tão bom pensar,
E
agradecer a Deus por ter estes coqueiros
Onde
amarrei minha rede,
De
onde posso ver o mar,
Com
seus barcos de pesca,
E
sentir o cheiro do café
Que
você traz agora para eu beber,
Com
um pedaço de bolo,
Sem
nem precisar levantar...
É
tão bom não fazer nada
Nem
ter nada pra fazer...
É
tão bom...
(Autor: Jorge Leite de Siqueira)
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