madrugada
sem dormir
daqui a pouco tenho que ir trabalhar
cansado
dia será longo
noite longa.
imagino fernando pessoa
em uma madrugada
insônia.
o litro de uísque
o bar
a música ao fundo
fumaça de cigarros
chapéu na cabeça
e falando
muito
sem parar.
mário de sá carneiro ao lado
escutando atentamente
louco para dar uma opinião
mas pessoa não deixa
já virou alberto caeiro
e agora declama
poesias feitas há momentos
escritas em guardanapos.
sá o vê transformar em bernardo soares
e declamava
encantava
e era álvaro de campos
e ricardo reis
e fernando
e entre um gole e outro
sá apenas sorriu.
fernando não sorri
é sério
parece que sofre.
mas não sofre
é poeta
e poeta não sofre
sofre quem lê.
e eu
ridículo
aqui na cama
esperando a hora de ir trabalhar.
meu uniforme está passado e engomado.
ah, como eu queria ter nascido em 1900...
jorge leite de siqueira
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