estava escuro
janelas fechadas escondiam o sol
era tarde da manhã.
os botões se abriram.
não eram rosas.
eram róseos.
o bico direito
mais curioso
é o primeiro a aparecer.
tão curioso que enrijece ao toque de minha língua.
direito. esquerdo. gêmeos?
róseos.
molhados de saliva.
ativam neurônios
e suas correntes elétricas.
e molham a gruta escondida...
gruta rósea.
rósea e molhada.
muito molhada.
encharcada.
e doce...
a saliva se mistura ao líquido viscoso
formam um rio
forma um oceano.
surge o navio.
mastro rijo.
invade a gruta
que se dilata
que se encolhe.
úmida, a gruta engole o navio.
ardente, a gruta engole o navio.
louca, a gruta engole o navio
e seu mastro.
e não o solta.
não antes de explodir em lavas vulcânicas
que não queimam
mas também não apagam o fogo da menina mulher.
a tarde chegou
a tarde acabou
a noite chegou
a fome voltou.
a gruta encharcou novamente e quer mais.
e mais.
e muito mais...
jorge leite de siqueira
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