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Poesia 2395 - O amanhã verá o meu enterro

E eu
Jorge Leite de Siqueira
Quase cinquenta anos
Sem lenço e sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Vivendo
Dia após dia
Esperando um fim
Que tá ali
Na frente do túnel.

Alguns me criticam
Porque não tenho nada.
Outros me elogiam
Porque tenho filhos.
Outros apenas me engolem
A seco
Ou com cerveja gelada.

Eu
Finjo que não estou entendendo nada
- como uma criança -
Pego o copo
Levo à boca
Saboreio o gosto amargo da vida
Engarrafada
Sem me preocupar com a conta corrente
Nem com o amanhã.
Com os olhos inchados
- da falta de sono -
Por querer ser mais
- melhor -
Para os outros do que para mim.

- E o amanhã, Jorge? - alguém me pergunta.

- O amanhã?
Por que me preocupar?
O amanhã?
Pode ser o dia de meu enterro...

JORGE LEITE DE SIQUEIRA

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